10/07/2012

Como escrever um roteiro.



Francisco é um garoto de 10 anos que acorda cedo para ir a escola. Todos os dias ele arruma sua mochila com seus cadernos e livros.
Francisco adora andar de bicicleta e jogar bola, Francisco adora sua família, Francisco tem um cachorro chamado lulu, Francisco é um menino normal com os milhares de meninos da 5° série, Francisco adora ser Francisco.


Há muitas maneiras de criar uma história, não existe uma regra concreta de como você deva fazer, com o tempo você se adapta a sua maneira, mas alguns elementos são necessários para dar vida ao enredo, um deles é ação, é a mudança de comportamento, é algo que fuja do normal. Histórias são escritas com o intuito de fazer o telespectador viajar em uma dimensão que o impede na nossa realidade, viajar por algo desconhecido, e nós viajamos nesse mundo através do personagem que o roteirista cria, vivemos um mundo e nos aventuramos através de um personagem.
Algo verídico no mundo dos roteiros é nada se cria, tudo se modifica, tudo se da uma nova cara com um começo diferente e um final bem diferente ainda. E daremos base em construir um roteiro utilizando a vida de Francisco descrito a cima.


Primeiro ato:Tudo começa com uma vida normal, não necessariamente uma vida bela e perfeita, mas a vida de um personagem deverá ser mostrada ao leitor seja ela maravilhosa ou catastrófica para que o leitor o conheça, crie uma opinião sobre como vive o protagonista. De acordo com o Francisco, pelo que foi passado ele é um menino mais que normal. Após isso entraremos no segundo ato onde tudo fica mais
divertido.

Segundo ato:
Essa 2° parte deverá ser estruturada com base na primeira, desenrolando o que chamo de explosão, a explosão seria o despertar da magia, o que muda a vida daquele personagem, é nesse momento em que toda aquele vida pacata boa ou ruim se transforma dando vida a um mundo em que o personagem não conhecia, referente ao nosso personagem Francisco, a explosão para sair do cotidiano seria o encontro por exemplo de um amigo Robô, é nesse ato que você utilizará a sua imaginação, como já disse, essas idéias as vezes não vem apenas quando você esta sentado na sua escrivaninha, as idéias não tem hora certa para aparecer, e quando elas vierem fique atento para não deixá-las ir embora, pois garanto, elas nunca mais voltaram com mesma intensidade, e se sinta livre para explorar o seu desconhecido, seja sim, um louco, abuse e explore suas idéias, crie aquilo que você nunca viu, e se já viu, faça a mesma coisa totalmente diferente.
  E então chega o momento onde o leitor acredita que tudo se tornou mágico para o personagem, mas atenção, é você quem deverá proporcionar essa sensação, para a magia acontecer, o primeiro ato deve ser bem estruturado, por exemplo, suponhamos que a sua idéia é fazer um garotinho encontrar um robô, vamos dar mais ênfase a história, um robô de 4 metros que se esconde numa praia dentro do mar e apenas sai para ver por do sol. A relação que o primeiro ato deve ter com o segundo é a simplesmente fazer as coisas serem pura coincidência, se eu tenho a idéia de fazer Francisco encontrar um robô na praia, seria muito bom Francisco ter relação com a praia, se eu tenho a idéia de que o robô se torne seu melhor amigo, seria bom que Francisco não tenha amigos antes de encontrar o robô, não simplesmente não ter amigos, mas o que o robô significará para ele dependerá do que o personagem vem buscando no primeiro ato, você decidindo isso saberá como será o começo da história, eu quero que o robô para Francisco seja como um pai, ou tão importante quanto, então é agora que voltamos ao primeiro ato e relatamos que o pai de Francisco nunca deu atenção necessária ao garoto, reescrevemos para que explosão do encontro do garoto e o robô seja magnífica
_ Francisco é um garoto de 12 anos que acorda cedo par ir pra escola, todos os dias ele arruma sua mochila com os seus cadernos e livros, no caminho logo de manha, Francisco fica parado em frente uma praia que ele ama, onde fica vendo o nascer do sol. Francisco adora andar de bicicleta e jogar bola, porém ele faz tudo isso sozinho pois não tem amigos, devido a morar com um pai pescador que não é bem vindo no vilarejo, Francisco adora a sua vida e sua família, Francisco tem um cachorro chamado lulu, Francisco é um menino normal como os milhares de meninos da 5° série. Francisco adoro ser Francisco. E um dia Francisco ao se banhar sozinho na praia, encontra um robô de 4 metros, onde passaram a viver loucas aventuras. Observem que coisas foram integradas e agora farão sentido, pois ele encontrará algo extraordinário naquela praia que visita todas as manhãs, o leitor sabe que essa é o rotina dele, e você sabe que sua historia tem como ponto forte na criação, um robô vivo e abandonado que se esconde na praia dentro da água. Esse é o diferencial, essa é a sua idéia, algo muito comum que é um menino que encontra um novo amigo, porem de maneira diferente, um robô que vive escondido no mar.

Terceiro ato: Essa terceira fase é a hora de fazer tudo dar errado, tudo desmoronar no caso para Francisco. O leitor credita antes do terceiro ato que Francisco será feliz para sempre com o seu novo amigo, mas ele estará de olho em você e fará perguntas que se você não souber responde-las ele ficará muito chateado, e quais seriam essas perguntas?


E é nessa hora que mais uma vez você voltará lá atrás de tudo que criou para dar as respostas que ele ainda ira fazer. Quem é o robô? Como ele veio parar ali? Porque está escondido? Quem o criou? O leitor fará na cabeça um redemoinho de interrogações, e se responder pelo menos 10% do que ele pede já é o suficiente, e não se preocupe, pois afinal, no fundo essa é a sua história e não a do leitor. Então não se prenda, mas é necessário que o leitor conheça também o segundo personagem, como conheceu Francisco. E a hora de fazer as coisas desmoronar é por exemplo fazer com que a vida desse robô seja muito complicada antes de ter conhecido Francisco.

Respondendo as perguntas: Quem é o robô? Para você responder isso, você também deverá se perguntar, quem é o robô? O robô é importante? Ele é valioso? Ele é bom em alguma coisa? E é aí que você sentará o lápis no papel e decidirá de uma vez sem rodeios quem é o robô, porque se não você também ficará perdido, e quanto mais você se pergunta mais confuso fica com o mundo de idéias que vão surgindo. Então o robô se chama Alt7, foi construído por um cientista que queria utilizá-lo para o mal, o cientista tinha um filho que adorava o robô e o robô a ele, porém o menino morreu em um acidente e por não conseguir salva-lo, se culpou onde Alt7 decidiu largar a crueldade fugir para longe do cientista que pareceu se tornar seu maior inimigo, esconde-se por muitos anos numa praia e após conhecer Francisco, revive aquelas lindas lembranças do seu passado,( Observação importantíssima, Francisco tem personalidade o suficiente e é o personagem principal, não deixe o foco do filho do cientista roubar o amor que o robô sentirá pelo Francisco). E para construir esse amor, que tal fazer com que Francisco, ao invés de ser amado e protegido pelo robô que é o que todos pensam, o Francisco quem o amará e protegera aquele mostro de 4 metros de todo mal que vier acontecer, claro, porém todos nós sabemos que Francisco não tem super poderes, e ficará para o robô toda a ação da história, mas as atitudes de Francisco mostrará o quão corajoso é quando está disposto a defender algo, não importa, você tira forças pra defender aquilo que gosta. Fazer com que as pessoas se identifiquem com o personagem é a melhor coisa, eu nunca defendi um robô mas vou me identificar já que defendi muito meu cachorro.


Quarto ato: Já se percebe que o mau cientista o encontrou e quer levá-lo de volta, e tudo se desmorona em uma correria de rochas no barranco. Mas no quarto ato se você perceber, é um encher de lingüiça. Tudo explode, tudo assusta todo mundo, tudo da entender que nada vai dar certo e num piscar de olhos a solução aparece, é hora de pensar mais um pouco. Lembre-se, pessoas vão ao cinema para ver historias, e historias boas tem começo meio e fim, não se julgue imperfeito por não conseguir contar sua historia em uma saga eterna como acontece em Naruto e Inuyasha, e nem recomendo, pois não importa se sua historia tem 2.000 páginas, tendo 3 com bom conteúdo e ingredientes certos, fará o mesmo sucesso. Sempre quando penso nisso me lembro de Black Rock Shooter onde fez sucesso com um único episódio.
O fato é que você além de roteirista é também um telespectador, da mesma maneira que quer uma historia com conteúdo, começo meio e fim, as pessoas vão exigir isso de você, e então chega a hora de dar um final a sua história, dar o final a Francisco, um final surpreendente onde todos irão amar sua história ou detestá-la, mas como disse é a sua história e você não vai agradar todo mundo. Eu se der um final pra esse história diria que eu sou bonzinho, pois adoro filmes da Disney e gosto de finais felizes, gosto de chorar no final por saber que tudo deu certo. Mas há tantas histórias que os finais não são tão felizes e dão certo, lembra de Titanic? Não importa o final, apenas deverá saber o que está fazendo e deverá ter consciência se quer agradar quem está ti acompanhando, pois ele poderá tanto voltar quanto nunca mais querer saber das suas histórias, mão na massa gente!

Francisco ao defender o Alt7 do cientista foi quase morto por ele, mas Alt7 matou o cientista para proteger Francisco antes que o cientista mais uma vez matasse alguém que ele amava.



Um comentário:

  1. Eu sei que esse post é antigo(2012) porem eu ainda quero MUITO agradecer por essa curta aula sobre roteiro, eu sinceramente já estudei bastante de roteiro mas sempre tive muitas dúvidas e o seu post conseguiu responder quase todas :) muito obrigado, e só uma curiosidade, eu já li Pousada Sagrada na antiga Upmanga e era seu fã lá só que nem passou pela minha cabeça que você tinha um blog kkkkk achei isso aqui por acaso, abração Diego \o/

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